Movimento coletiva NÚvemNEM
Movimento coletiva NÚvemNEM
Na urgência política, na confluência desejante de ações e transições, algumes de nós que fomos da Casa Nuvem e outres apoiadores, tecemos uma aliança com a CasaNem para fortalecer as lutas por direitos para a comunidade LGBTI. Entendemos a necessidade e a responsabilidade que essa passagem pede, para que novas portas, janelas e casas possam se abrir. Queremos superar entraves do passado, e acima de tudo e garantir a re-existência e a sustentabilidade da CasaNem.
Queremos trans-formar, trans-passar as barreiras e RE-EXISTIR. As campanhas desenvolvidas pela coletiva tem por objetivo arrecadar dinheiro para pagar as dívidas e criar condições que a CasaNem possa se regularizar e re-existir, neste mesmo, ou em um novo espaço.
A CasaNem, enquanto associação sócio-cultural sem fins lucrativo que resiste de forma independente há mais de 4 anos, mantém-se da colaboração e trabalho voluntário de pessoas que acreditam neste importante projeto social, idealizado por Indianare Siqueira como um espaço totalmente independente de órgãos governamentais e gerido por transvestigeneres, que tem colaborado diretamente na transformação de muitas vidas.
O PreparaNem (curso preparatório para ingresso de LGBTIs nas universidades, que se multiplicou e inspirou outros espaços em todo o país) é um dos projetos lá desenvolvidos, tendo já logrado incluir um número considerável de transexuais e travestis em universidades e no mercado formal de trabalho. Para atingir essa meta, além do pré-vestibular, são oferecidos cursos de corte e costura, maquiagem e cabeleireira, idiomas, dentre eles libras, e capacitação audiovisual.
Ação Cachaça NÚvemNEM
Linha de produção da cachaça NÚvemNEM durante as reuniões da coletiva no Palco Lapa destinada a financiar as ações da NUvemNEM
Ação Festa NUvemNEM
Ação Leilão beneficente no Parque Lage
Flyer do leilão
em benefício a CasaNem em 2018
Neste sentido, o grupo Transrevolução, Movimento NÚvemNEM e Escola de Artes Visuais
As ações estético-políticas de enfrentamento direto de Indianarae Siqueira
Imagem: Indianarae na rua Nossa Senhora de Copacabana durante a marcha das Vadias de 2012. Fonte: Iconoclastia Incendiária ¹
As ações estético-políticas de enfrentamento direto de Indianarae Siqueira
Por: Guilherme Altmayer
Uma reflexão sobre o trabalho de Indianarae Siqueira, que cunhou o termo transvestigênere, e como sua ação estético-política de enfrentamento direto, que consiste em expor os seios em locais públicos para ser detida pela polícia, revela como não somos todos iguais perante a lei e as consequências violentas na invisibilização de pessoas trans. A partir destes enfrentamentos performáticos Indianarae configura contracondutas, contrassexualidades que propõem modos de vida outros, e expõem as falhas dos dispositivos que insistem em controlar os corpos, especialmente os não normativos.
Indianarae Siqueira mostra como, a partir de uma ação estético-política tão simples quanto colocar os peitos para fora em lugares públicos, ela estremece as bases e normas que influenciam nas regras jurídicas para homens e mulheres, supostamente iguais perante a lei. A ação revela as injustiças do tratamento desigual dado às identidades binárias de gênero e também às pessoas que transitam entre eles, as pessoas transvestigênere, termo por ela cunhado. Pensando a partir do conceito de contrassexualidade de Paul B. Preciado (2002), Indianarae está identificando espaços errôneos, falhas na estrutura e reforçando o poder do desvio, da deriva frente a um sistema heterocentrado. As reflexões políticas e artísticas aqui presentes são originadas dos relatos e conversas com Indianarae, que aconteceram em 2015 durante a pesquisa Tropicuir: (Re)existências politicas nas ações performáticas de corpos transviados no Rio de Janeiro ² que se dedicou a investigar ações estético-políticas transviadas ³ de quatro artistas-performers-ativistas no Rio de Janeiro.
Do poder que é exercido em nosso corpo, diz Michel Foucault, “emerge inevitavelmente a reivindicação do próprio corpo contra este poder” (FOUCAULT, 1993, p.146). Podemos entender o corpo como
Ocupação Sertransneja
Ocupação Sertransneja
Por: coletivo Xica Manicongo e as menines da Casa Nem
Junho de 2017. A noite de abertura de Os Corpos são as Obras foi ocupada pelo coletivo Xica Manicongo e as menines da Casa Nem para uma noite Sertransneja com quadrilha travesti e leitura de cordéis.
SerTransneja Balaiera
Travesti que é balaieira
Roda no maracatu
e resiste com o corpo do balaio
Na flor do caju
Travesti é ser vivente
da sobrevida do sertão
enfrentar ódio indolente
é mais que aperreio, bala e facão
Foram chamar as trava da peste
Que é que há se eu vim do norstes
eu vim de lá
eu vim de lá
Roda balaieira
Vai rodando sem parar
Vai rodando no balaio
Na flor do maracujá
Axé maracatu elétrico
Axé meu povo nagô
Axé as trans de Aracatiaçu
Dança dança meu amor
(Tertuliana Lustosa e Wescla Vasconcellos)
Eu escolhi ser de verdade, e isso me faz grande nobre e real.
E embora, as vezes, dói menos que ficar,
Não sou do tipo orgulhosa, mas devo admitir, que desta vez eu tenho razão,
Não consigo levantar, caminhar, em direção ao desconhecido.
Conhecida sim, é a felicidade.
Vocês me deixam atordoados, e anestesiada,
Afinal de contas, na minha frente, estão apenas corpos caídos
Identificados como meu futuro
E eu escolhi ser de verdade,
E isso me faz grande nobre e real.
Sou Francisco, sou João, sou José, sou grito, sou a força, sou amor, sou a fé, sou o espírito revolucionário, sou Laruê do Exú, sou a negra, africana, sou o frevo, sou o sol potiguar, sou atriz, sou escrava, sou rainha, sou Maria, sou Joana, sou a Xica, que vive na ladeira da misericórdia, sou apenas cabelereira e PUTA.
Governo, você vai ter que admitir,