O Lampião da Esquina, foi um jornal mensal que circulou nas bancas de todo o Brasil entre os anos de 1978 e 1981 – período do dito ‘abrandamento’ da ditadura militar. Edições originais do jornal foram exibidas na mostra Os corpos são as obras, gentilmente cedidas pelo grupo Arco Íris. As edições completas do jornal em formato digital, estão disponíveis para download, e em formato PDF pesquisável por palavra-chave, no arquivo do Centro de Documentação Pr. Dr. Luiz Mott do grupo Dignidade.
Com tiragem aproximada de 15.000 exemplares, em suas 38 edições, a publicação, parte da chamada imprensa alternativa, que se autodenominava ‘homossexual’, tratou, com profundidade jornalística, de questões políticas urgentes sobre repressão e liberdades não somente das populações ‘gueis’ (formação predominante do seu conselho editorial), mas também de travestis, lésbicas, negrxs, mulheres e povos originários.
O Lampião é documento vivo do início da articulação e formação de muitos grupos e movimentos ativistas ‘desviados, entendidos’ e feministas, em São Paulo e outras regiões do país. Em suas páginas estavam presentes também questões que vão da masculinização das bichas, à mapas de pegação sexual no centro de São Paulo, da perseguição a frequentadores de cinemas pornô à matança sistemática das travestis, da literatura lésbica de Cassandra Rios e a música de Leci Brandão à arte de Ney Matogrosso e Darcy Penteado.
No editorial de sua primeira edição de abril de 1978, o jornal anunciava, sua posição política sobre a questão homossexual, defendendo que
“é preciso dizer não ao gueto, e, em consequência, sair dele. O que nos interessa é destruir a imagem-padrão que se faz do homossexual, segundo a qual ele é um ser que vive nas sombras, que prefere a noite, que encara a sua preferência sexual como uma espécie de maldição […] o que LAMPIÃO reivindica em nome dessa minoria é não apenas se assumir e ser aceito – o que nós queremos é resgatar essa condição que todas as sociedades construídas em bases machistas lhes negou: o fato de que os ‘homossexuais’ são seres humanos. […] Pretendemos, também, ir mais longe, dando voz a todos os grupos injustamente discriminados – dos negros, índios, mulheres, às minorias étnicas do Curdistão: abaixo os guetos e o sistema (disfarçado) de párias.”
Edições do Jornal O Lampião da Esquina expostas na mostra Os Corpos são as Obras no espaço Despina, Rio de Janeiro em 2017. Acervo: Grupo Arco-Íris
Imprensa homossexual: surge o Lampião da Esquina
Carlos Ferreira.
Este artigo, através do contexto histórico da Imprensa Alternativa e da abertura política pós-Regime Militar (instalado em 1964), tem como objetivo analisar a criação, organização, distribuição e o relacionamento com os leitores das primeiras edições do jornal Lampião da Esquina, uma publicação voltada aos homossexuais que circulou durante 1978 e 1981. Utilizando as pesquisas, bibliográfica e documental, percebemos que o Lampião foi um jornal crítico, pluralista e partidário, que expôs o descaso e preconceito contra os homossexuais e as minorias sociais
Sexualidade homossexual no jornal Lampião da Esquina
Natanael de Freitas Silva e Natam Felipe de Assis Rubio
Artigo. Discutir e apresentar como as homossexualidades foram tematizadas, nomeadas e significadas no Brasil durante os anos 1978-1981. E para isso, iremos apresentar um debate historiográfico sobre o tema a partir de bibliografia pertinente, em seguida, enfatizamos o que era dito e entendido por homossexualidade à época, e por fim, exemplificamos como o Lampião da Esquina teceu e comunicou outros olhares sobre as homossexualidades.
Será que ele é? Sobre quando Lampião da Esquina colocou as cartas na mesa.
Marcio Leopoldo Gomes Bandeira
Dissertação de mestrado. A presente pesquisa tem por tema a problematização das subjetividades homossexuais em práticas de escrever cartas, enviá-las a um jornal e tê-las, posteriormente, publicadas. O jornal Lampião da Esquina circulou entre os anos de 1978 e 1981 por diferentes cidades brasileiras e publicou regularmente uma seção de cartas chamada Cartas na Mesa – corpus documental privilegiado nesta investigação.
O Lampião da Esquina, foi um jornal mensal que circulou nas bancas de todo o Brasil entre os anos de 1978 e 1981 – período do dito ‘abrandamento’ da ditadura militar. Edições originais do jornal foram exibidas na mostra Os corpos são as obras, gentilmente cedidas pelo grupo Arco Íris. As edições completas do jornal em formato digital, estão disponíveis para download, e em formato PDF pesquisável por palavra-chave, no arquivo do Centro de Documentação Pr. Dr. Luiz Mott do grupo Dignidade.
Com tiragem aproximada de 15.000 exemplares, em suas 38 edições, a publicação, parte da chamada imprensa alternativa, que se autodenominava ‘homossexual’, tratou, com profundidade jornalística, de questões políticas urgentes sobre repressão e liberdades não somente das populações ‘gueis’ (formação predominante do seu conselho editorial), mas também de travestis, lésbicas, negrxs, mulheres e povos originários.
O Lampião é documento vivo do início da articulação e formação de muitos grupos e movimentos ativistas ‘desviados, entendidos’ e feministas, em São Paulo e outras regiões do país. Em suas páginas estavam presentes também questões que vão da masculinização das bichas, à mapas de pegação sexual no centro de São Paulo, da perseguição a frequentadores de cinemas pornô à matança sistemática das travestis, da literatura lésbica de Cassandra Rios e a música de Leci Brandão à arte de Ney Matogrosso e Darcy Penteado.
No editorial de sua primeira edição de abril de 1978, o jornal anunciava, sua posição política sobre a questão homossexual, defendendo que “é preciso dizer não ao gueto, e, em consequência, sair dele. O que nos interessa é destruir a imagem-padrão que se faz do homossexual, segundo a qual ele é um ser que vive nas sombras, que prefere a noite, que encara a sua preferência sexual como uma espécie de maldição […] o que LAMPIÃO reivindica em nome dessa minoria é não apenas se assumir e ser aceito – o que nós queremos é resgatar essa condição que todas as sociedades construídas em bases machistas lhes negou: o fato de que os ‘homossexuais’ são seres humanos. […] Pretendemos, também, ir mais longe, dando voz a todos os grupos injustamente discriminados – dos negros, índios, mulheres, às minorias étnicas do Curdistão: abaixo os guetos e o sistema (disfarçado) de párias.”
Imprensa homossexual: surge o Lampião da Esquina
Carlos Ferreira.
Este artigo, através do contexto histórico da Imprensa Alternativa e da abertura política pós-Regime Militar (instalado em 1964), tem como objetivo analisar a criação, organização, distribuição e o relacionamento com os leitores das primeiras edições do jornal Lampião da Esquina, uma publicação voltada aos homossexuais que circulou durante 1978 e 1981. Utilizando as pesquisas, bibliográfica e documental, percebemos que o Lampião foi um jornal crítico, pluralista e partidário, que expôs o descaso e preconceito contra os homossexuais e as minorias sociais
Sexualidade homossexual no jornal Lampião da Esquina
Natanael de Freitas Silva e Natam Felipe de Assis Rubio
Artigo. Discutir e apresentar como as homossexualidades foram tematizadas, nomeadas e significadas no Brasil durante os anos 1978-1981. E para isso, iremos apresentar um debate historiográfico sobre o tema a partir de bibliografia pertinente, em seguida, enfatizamos o que era dito e entendido por homossexualidade à época, e por fim, exemplificamos como o Lampião da Esquina teceu e comunicou outros olhares sobre as homossexualidades.
Será que ele é? Sobre quando Lampião da Esquina colocou as cartas na mesa.
Marcio Leopoldo Gomes Bandeira
Dissertação de mestrado. A presente pesquisa tem por tema a problematização das subjetividades homossexuais em práticas de escrever cartas, enviá-las a um jornal e tê-las, posteriormente, publicadas. O jornal Lampião da Esquina circulou entre os anos de 1978 e 1981 por diferentes cidades brasileiras e publicou regularmente uma seção de cartas chamada Cartas na Mesa – corpus documental privilegiado nesta investigação.